segunda-feira, 27 de abril de 2009

Internamento-3- Hosp. Beja

Estórias dum Internamento – 3 -

A estadia doentia no Hospital de Beja
Chegado ao Hospital de Beja fui encaminhado para a Ortopedia; começou o martírio com o esticar da perna que me fez ver estrelas, a que se seguiu o engessar da perna e a subida ao respectivo piso. De manhã sou acordado estrondosamente por um Auxiliar que me coloca num Circo de boa disposição, que me faz adormecer as dores e fazer pensar que dentro de semanas estaria operacional; durante a estadia fiquei a saber que o Xico auxiliar era uma lufada de ar fresco, em conjugação com o Enfermeiro Licínio que nos aturava com simpatia.
Chegaram os doutores que com ar circunspecto me disseram que a minha fractura era complexa e exigia uma cirurgia difícil, que obrigava a estudar o assunto. Hoje com o que aconteceu, tinha sido a altura de fugir dali e procurar ortopedista que merecesse confiança. Infelizmente pela Ortopedia de Beja fiquei e passados dias quando me operaram estragaram o que já mal estava; só tive a sensação que a burrada estava feita quando tirei o gesso e vi a Médica que me operou franzir-se toda, pois a perna estava torta, e todos o que me rodeavam encolhiam os ombros.
Verdade seja dita que sobre o meu futuro as palavras foram nulas ou evasivas por parte dos doutores e, mais caricato, quando me voltaram a tirar o gesso, porque a costura estava bonita, me prepararam a Alta para ir para casa, sem qualquer recomendação. Assim, saí convencido que me desenrascava em casa e que mais um mês estaria a andar; ilusão total tramada pelos doutores que se viram livres de mim e das asneiras que repetidamente cometeram. Sobre a necessidade de Fisioterapia nem uma palavra.
Em termos claros e sucintos a minha estadia em Beja foi o início dum pesadelo que ainda hoje vivo, quase dois anos depois. Só depois soube que a Ortopedia de Beja já era conhecida pelas atrocidades realizadas com muitos utentes que, tal como eu, ficaram com marcas negativas para toda a vida! De referir que as ilusões que me foram criadas foram responsáveis pela forte depressão que me atormentou mais de seis meses e impedem que faça uma prótese que me possibilite andar sem muletas.
Fica, pois, o aviso para os que forem depositados na Ortopedia de Beja: FUJAM !
Zé Carlos
Messejana

1 comentário:

  1. Só agora li estas linhas iniciais e imediatamente detectei o que considero uma grande falta. A do teu mano Zé Duarte, sempre te acompanhando ao longo do teu processo de sofrimento e de outros, incansável, com a sua amizade e discrição genuínas, conjugando as suas idas e vindas constantes de Lisboa com o trabalho, os pais, o resto. E a Maria, Madalena, Jajão, Pedro e outros? Onde estão? Às vezes tendemos a esquecer o que nos parece óbvio, mas nunca é demais reflectirmos sobretudo sobre o evidente, por isso te escrevo esta nota, Zé, com a minha amizade antiquíssima.

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