segunda-feira, 16 de abril de 2012

VOLUNTARIADO - texto em Encontro do CLDS de Ourique - ESDIME / CMO

VOLUNTARIADO
Solidariedade e Cooperação para o Desenvolvimento

José Carlos Albino

Partindo do pressuposto que, por questões de princípio, a Intervenção de Voluntariado está obrigatoriamente associada a ajuda e prestação de apoios e outras intervenções para contribuir para responder a problemas e/ou necessidades sociais, leva-me a afirmar que o Voluntariado tem que apostar no Desenvolvimento nas suas diversas dimensões.
Considerando que só na Acção Conjunta se consegue atingir reais resultados palpáveis e duradouros, penso que a Intervenção Voluntária tem que sempre apostar na Cooperação como método e instrumento de trabalho. E Cooperação entre todos : entre os Voluntários, entre estes e os Cidadãos beneficiários e Instituições de enquadramento.
Para defender e ilustrar estas teses, vou partir do, hoje, muito conhecido e falado proverbio Chinês que diz “que não se deve dar o peixe, mas sim dar a cana e ensinar a pescar”.
Assim, considero que, sendo o proverbio muito desafiante e alternativo a uma visão meramente assistencialista, precisa de ser revisto e complementado. A questão das opções não deve ser colocada em alternativa, ou uma ou outra, mas sim numa lógica de complementaridade. E necessita, ainda, de ter um enquadramento mais vasto, apelando a outras importantes intervenções e prestações de serviços para que “o pescador tenha êxito”.
Vamos, então, ao desenvolvimento e aprofundamento do “sábio proverbio”.

Indo à primeira sugestão de ajustamento.
Numa situação em que Pessoas Cidadãs estão à beira de “morrer de fome”, a necessitar urgentemente de se alimentar, quem quiser ser útil e ajudar ( cidadãos, comunidades e instituições ), tem que providenciar para que “o peixe seja dado”, durante o tempo necessário até que alternativas surjam.
Mas estes actos “de dar”, devem logo ser acompanhados de relacionamentos e aconselhamentos que, dignificando e valorizando as Pessoas, permitam que elas iniciem um PERCURSO que as leve a encontrar meios próprios de auto sustentação. Ou seja, tão importante é “o dar”, como o MODO e postura com que “se dá”.
E é neste PROCESSO que entra “a cana e o ensinar a pescar”. O que nos leva à segunda ideia de aprofundamento do proverbio, tendo em conta os tempos actuais. As “pescarias” hoje são mais complexas, mas, obviamente, possíveis.
Nesta alegoria, é preciso dizer que para pescar é preciso “água livre”, de mar, rios ou barragens, de “canas” apropriadas, de meios para fazer a aprendizagem, de quem compre os instrumentos e “iscos”, de quem troque peixe por outros bens indispensáveis e, certamente não o último, garantir que “o peixe” não falte.
Significa isto que quem Voluntariamente quer ajudar, tem que dominar estas ideias-chave, o que exige adequado enquadramento e apoios, bons ensinamentos e postura de valorização da CIDADANIA de quem se quer apoiar.
E numa terceira e ultima ideia e alerta acerca do alargamento do provérbio, dizer que os necessidades de uma Pessoa Individual tem que ser entendida e abordada no quadro dos Colectivos em que se integra, sendo que as respostas necessárias devem ser dadas agrupando as Pessoas com problemas e potencialidades semelhantes.
Parafraseando, de novo, o Proverbio, há que equacionar as respostas perante “grupos de pescadores”. E aqui entra a necessidade de direcções e respostas que apostem na COOPERAÇÃO entre todos, para soluções para Colectivos.
Estas as pistas que hoje penso necessárias para que Voluntários e Instituições de enquadramento levem a suas missões “a bom porto”.

José Carlos Albino
No Encontro de Voluntários, em Ourique, a 13 de Abril de 2012 .

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