quarta-feira, 4 de julho de 2012

PORTAS e a CHINA


PORTAS e a CHINA Como a Memória é curta, venho lembrar os Leitores do percurso do Dr. Paulo Portas ( e este é mesmo licenciado ) acerca das posturas, opiniões e iniciativas do actual Ministro dos Negócios Estrangeiros sobre a República Popular da China. Como será do conhecimento de alguns, os menos novos, Paulo Portas foi o Director Fundador do Semanário INDEPENDENTE, jornal que deu brados na vida nacional há 3-2 décadas. Nessa qualidade, P.P. condenando veementemente os acontecimentos na Praça Tianamem de Pequim, pela sangrenta repressão às revoltas populares, desencadeou uma iniciativa no Jornal de forma a que os Portugueses, furando o bloqueio imposto, demonstrassem solidariedade com as justas aspirações do Povo Chinês, de Liberdade e Democracia. O Regime era, por ele, considerado uma das mais brutais e hediondas Ditaduras do Mundo. Daí para cá o Regime e Sistema não sofreram mudanças substanciais, mantendo-se o Poder no monopólio do Partido Comunista, com censura pura e dura e, obviamente, sem Eleições Livres. As adaptações foram mínimas e essencialmente de cariz cosmético, muito devido à realização dos Jogos Olímpicos. Pois no início de Julho, o Dr. Paulo Portas, Ministro, em representação do Governo e do Estado Português, arrancou para uma Visita Oficial à República Popular da China e, desde a 1ª. hora, proferindo rasgados elogios ao Regime em vigor, declarando a sua admiração e votos de manutenção do contributo do Governo Chinês para o bem-estar do seu Povo e da Paz Mundial. Sem uma palavra de condenação ou alerta sobre a afronta aos Direitos Humanos, sistemática e repressivamente imposta em todo o Território Chinês. Tudo isto, ao arrepio das posturas da quase totalidade das Democracias Ocidentais, sempre apresentadas como um modelo para Portugal. Paulo Portas, enquanto “caixeiro viajante” do Governo que, a troco de bons patacos na venda de património nacional e de abertura para a instalação de negócios de empresas portuguesas tudo justifica, pratica aquilo que duramente criticava aos diversos Governos que o precederam. Certamente, agora só Cuba e Venezuela são Ditaduras que oprimem os seus Povos. Denuncie-se, então, o cinismo, sobrevivência e falta de carácter do Cidadão Paulo Portas. Princípios e ética exigem-se. Para tapar os buracos que este Governo vai aumentando, não se pode permitir “vender a alma ao diabo”, com um sorriso nos lábios. José Carlos Albino Messejana, 5 de Julho de 2012 .

3 comentários:

  1. Esqueci-me da frase no final,,,,que é :

    "MUDAM-SE OS TEMPOS, MUDAM-SE AS VONTADES !"

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  2. Caro Zé,

    Acima de tudo, e de opiniões pessoais, Paulo Portas estava a representar o Estado português durante a visita à China. O Estado é algo muito maior que "opiniões pessoais" dos seus actores políticos.
    O estado perdura, os regimes vão e vêm ao sabor dos séculos.

    Quais são e como são as relações oficiais de Portugal com a China, desde há séculos?
    Relações privilegiadas, com altos e baixos, é certo, mas que no contexto actual importa aprofundar o mais possível.
    Qual a posição do Estado português acerca da política interna chinesa?
    Que me lembre, Portugal não se manifestou, nos últimos anos, acerca da situação do Tibete nem da maior ou menor prepressão que existe no país. Lembro também que, apesar de grandes pressões diplomáticas chinesas, o Dalai Lama foi recebido em Portugal (apesar de a visita ser particular) tendo-se reunido com altos dignatários portugueses. As pressões chinesas não vingaram.
    Portanto, em relação à China, temos uma política pouco agressiva (à semelhança da maioria dos países civilizados europeus). Se esta posição é boa ou má, é a posição que os vários governos (de vários partidos têm tomado desde a revolução de Abril).

    As negociações para a transferência de Macau atravessaram vários governos, sempre qcom a maior respeitabilidade mútua.

    Sobre o carácter de Paulo Portas e a “venda da alma ao diabo": relembro o que disse acima sobre a diferença entre Estado/opinião político-partidária, mas acrescento que o carácter das pessoas não se vê quando elas sorriem ou deixam de sorrir, se apertam as mãos ou fazem vénias, se mudam de opinião mais rápidamente ou menos ou sequer se chegam a mudar. Carácter é representar o Estado com dignidade e dar uma boa imagem do País.
    Se não concordamos com certas coisas, valores mais altos se impõem e a realpolitik impõe-se claramente.

    Para memória fica também a viagem de Estado de José Sócrates, em 2007, acompanhado por grande representação empresarial portuguesa, que marcou as relações sino-portuguesas e deixou sementes que estão a germinar. Deixo o exemplo da plataforma de produtos chineses.

    Qual seria a opinião de José Sócrates quando ocorreu o massacre de Tianamen? Tinha opinião formada e escreveu-a em jornais da época? Pouco importa. A representação do Estado impôs-se, mais uma vez.

    Abraço.

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  3. Obrigado pelo teu comentário, Henrique.
    Revejo-me em matérias que abordas. Nomeadamente face A representação do ESTADO.
    Mas, uma coisa é não criticar quem "nos" recebe e fazer diplomacia económica, outra é, nos vários discursos, tecer rasgados elogios ao regime e sistema. "Não havia necessidade,,". Outros dirigentes ocidentais não tem feito e, até, fizeram referências à necessidade de rever face aos "direitos humanos". E no caso de Portas, era mais curial uma postura mais discreta. como Estadista.
    E não falo de que outros Governantes não tenham, também, excessos de "cortesia" desnecessários.
    Debates precisam-se !
    Abraços !
    zé carlos .

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